Adoro quando acontecem coisas inesperadas e fora do
cotidiano. Como por exemplo, andar de ônibus.
Eu
não costumo andar naquele enorme veículo,
que transporta mais de 10 pessoas pelas ruas de São Paulo, tendo até faixa exclusiva para ele andar.
Um
dia desses, fui andar de ônibus para ir à casa de minha amiga, que
já é acostumada a andar no tal veículo. Dessa vez, ele estava
lotado. Cheio de
gente apertada. Parecia que eu estava dentro de uma lata de
sardinha.
Enquanto
nossos amigos falavam, para nos distrair do desconforto na lata
gigante de sardinhas, eu observo.
Olha que engraçado: eu aqui indo a
um lugar, essa senhora de cabelos brancos, e chinelos de dedos pode estar indo
ao mesmo lugar ou perto dele. Posso ate pensar que essas pessoas
estão me seguindo, pois podem estar indo ao mesmo lugar que eu, mas
não para fazer a mesma coisa.
Elas também podem estar indo a lugar
muito diferentes, como esse senhor alto, moreno e com roupa de
executivo. Será que ele está voltando do escritório com uma noticia ruim para a família? Será
que ele tem família? E se for uma boa noticia, pra quem ele vai contar? Bom, isso só ele sabe. Haviam tantas
sardinhas diferentes que eu poderia passar o dia só observando e
pensando. No meio dessa bagunça de lotação, seria engraçado achar
alguém conhecido.
Mas e essa moça loira com cara de quem esta com tanto
tédio que poderia dormir a qualquer momento? E esse moço moreno e
não muito alto com a mesma cara de tédio? Eles poderiam ficar
juntos... As caras de tédio combinam, sabe?
Ouço alguém me chamar, interrompendo meus pensamentos.
Mas era em tom de pergunta. A voz era muito calma, e doce. Claro que
me mexi pra saber quem estava me chamando. Então vi qual das
sardinhas estava me chamando: ela era ruiva, com os cabelos cor de
cobre e leves como o vento. Suas bochechas eram rosadas e grandes.
Seu nariz era bem pequenino, e combinava com seu rosto meio amassado
por estar no meio da lotação.Ela não era tão alta, mas não era
baixa.
Viro minha cabeça, e passo por umas 9 pessoas para
chegar àquela outra pessoa. Claro que aquilo era inesperado, sabe,
encontrar minha mãe no ônibus lotado de sardinhas foi para minha
lista de ouro.
Como eu disse, adoro quando acontecem coisas inesperadas
e fora do cotidiano.
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