Tinha acabado de acordar. A menina se levantou com a
menor vontade de fazer algo, e se sentou em sua cama quentinha com seu cobertor
espalhado organizadamente pela cama. Deu um suspiro. Olhou para a janela aberta
que fazia com que o sol invadisse seu quarto levemente escuro. As cortinas
dançavam conforme o vento vinha.
Ficou um tempo pensando no que haviam dito a ela uns
dias atrás. “Não confio em quem está sempre feliz, não tem como...” foi a frase
dita.
“Não confiar? Certo, por mais que a pessoa esteja ou
pareça feliz sempre, ela vai ter seus surtos as vezes. Ela pode começar a
chorar do nada, não se sentir bem consigo mesma algum dia, ficar com tanta
raiva que soca tudo, grita e joga tudo para cima...” – pensou ela baixinho
consigo mesma para ninguém da casa ouvir. – “Mas a questão é que ninguém esta
sempre feliz. A pessoa que você acha isso simplesmente não demonstra estar
triste por mais que o dia esteja sendo horrível para ela. Não que a pessoa seja
fraca por não falar para os outros como se sente, ou que não confia em quem
esta com ela, mas sim que ela não ache necessidade de compartilhar isso com
essas pessoas. Quando ela chega em casa pode desabafar com a mãe ou com o pai
sem problema pois eles também já deve ter passado por isso. Ninguém nunca fica
triste, chateado, irritado, ou com ciúmes, só não acham o lugar de conforto certo
para falar isso...”
A menina se espreguiçou, colocou seus pés descalços no
chão e foi em direção a sua cozinha tomar café da manha com sua mãe, seu pai e
cachorro.
Lá sim era seu lugar de conforto.